Quando ouvimos o termo “médico” devemos ter em mente que se trata do profissional que exerce a medicina. Ou seja, sem distinção de gênero, podendo ser doutor ou doutora! Durante décadas tivemos o predomínio dos homens nessa área de atuação. Porém, esta realidade vem mudando nos últimos anos com o surgimento cada vez maior do número de mulheres na medicina.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da USP, desde 2009 o número de mulheres que ingressam na medicina no Brasil tem sido maior que o de homens. Entre os profissionais com menos de 29 anos de idade, as mulheres já são a maioria.
A pesquisa estima ainda, que até o ano de 2028, haverá um equilíbrio entre mulheres e homens no exercício da medicina no País.
Se formos avaliar em um contexto etário mais amplo, o predomínio ainda é de profissionais homens. Isto é, devido a formação maior de médicos homens nos anos de 1970 até 2000. Mas, à medida que profissionais mais velhos deixam a profissão, a tendência é haver um equilíbrio entre ambos os gêneros.
Mulheres na medicina: a preferência por especialidades
A mesma pesquisa aponta, ainda, que as mulheres têm preferência por especialidades relacionadas à atenção básica à saúde, que são pediatria, ginecologia, obstetrícia, medicina de família e clínica médica.
Através dos registros de títulos de especialistas e da conclusão dos programas de residência médica, pode-se observar a participação das mulheres na medicina, em diversas especialidades médicas. Das 53 especialidades estabelecidas no Brasil, 13 têm o predomínio feminino, sendo que as cinco citadas acima são as preferidas pelas mulheres.
Este crescimento do número de mulheres na medicina não é uma tendência apenas aqui no Brasil, mas em diversos países. A porcentagem de mulheres exercendo medicina passou de 28% em 1990 para 38% em 2005. Em países como Estados Unidos e Canadá, o número de mulheres nas universidades de medicina é maior que o de homens desde o ano 2000.
O Brasil vem passando por mudanças e cada vez é mais visível a tendência ao aumento da perspectiva de vida. E, consequentemente, o envelhecimento da população, assim como o aumento de doenças crônicas.
Estes fatos levam ao aumento da necessidade, na medicina, de atendimentos à saúde primária, que envolvem as especialidades em que as mulheres na medicina vêm tendo maior inserção.
Porém, com isso, algumas lacunas se abrem em outras áreas. Por exemplo, na área cirúrgica, ainda há a predominância de homens realizando cirurgias cardiovasculares, neurológicas, ortopédicas e urológicas.
Mulheres na Medicina: peculiaridades
Apesar das atividades relacionadas à família levarem as mulheres a cumprir jornada de trabalho menor e também a ter menos vínculos, a médica desenvolve um relacionamento melhor com o paciente. Elas, também demonstram maior capacidade para desempenhar seu papel em equipes multidisciplinares.
Médicas mulheres na medicina costumam gastar com o paciente, em média, 16 minutos a mais que médicos homens, além da tendência em serem mais focadas no paciente.
Elas também têm um poder de persuasão maior no momento de convencer os pacientes a fazerem mudanças no estilo de vida. Pacientes tendem a entender melhor a necessidade de mudanças na alimentação e da realização de atividades físicas, quando indicados por uma médica.
Porém, comparando com os homens, as mulheres na medicina ainda ganham menos que eles e se dizem mais sobrecarregadas pelo excesso de trabalho.
Muitas médicas são chefe de família e sustentam a maior parte da renda familiar. Por outro lado, as taxas de divórcio são maiores entre elas, principalmente aquelas que têm uma carga horária maior.
Principais desafios das mulheres na carreira de medicina
Conforme já comentamos, o predomínio das mulheres em algumas especialidades específicas tem gerado escassez de mão de obra em outras.
Homens e mulheres constroem suas carreiras na medicina de forma diferente. Começando pela escolha da especialidade, o que poderá afetar o futuro da mão de obra. Esta realidade pode ser consequência do fato de que as instituições de ensino na área médica apresentarem lentidão em adaptar-se à nova realidade e às necessidades das mulheres.
Discriminação
Conseguir entrar em uma faculdade de medicina e permanecer nela já não é mais barreira para as mulheres. Isto se percebe claramente. Porém, apesar disto, a desigualdade ainda persiste. A fragilidade da conquista feminina e a hierarquia de gênero ainda podem ser percebidas dentro das instituições de ensino.
Ainda podem ser observadas segregações camufladas dentro das instituições, além de uma série de preceitos sociais existentes na grande maioria das profissões. Entre eles, os que atribuem ao trabalho da mulher peso e valor inferiores ao trabalho do homem.
Muitas instituições pararam no tempo e agem como há 50 anos, quando a medicina era um reduto dominado pelos homens, impondo barreiras ao progresso da carreira feminina.
Uma dessas barreiras, talvez a principal, é a falta de entendimento para a necessidade feminina de aliar a formação e o desenvolvimento profissional com a construção e manutenção da família. Muitas vezes a escolha entre carreira e família é imposta às mulheres.
A consequência desta estrutura, salvo alguma mudança que traga melhoria para as mulheres, será a escassez de médicos especialistas. A forma como estão estruturados os processos de recrutamento e seleção para residência médica, podem ser agentes de discriminação de gênero.
Elas são maioria nos cursos de Pós-Graduação
E por último, mas não menos importante, é preciso destacar que no Brasil, as mulheres cada vez mais têm buscado especializações, principalmente fazendo cursos de pós-graduação. Você sabia que elas já são a maioria nos cursos de pós-graduação que o mercado brasileiro oferece?
E mais: Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em 2015, 175.419 mulheres estavam matriculadas e tituladas em cursos de mestrado e doutorado, enquanto os homens somam 150.236, diferença de aproximadamente 15%.
Ainda de acordo com o Capes, apenas na modalidade de mestrado acadêmico, as mulheres somaram 11 mil matrículas a mais que os homens e aproximadamente 6 mil títulos a mais foram concedidos a elas naquele ano.
Na modalidade de doutorado, a situação é semelhante, com um total de 54.491 mulheres matriculadas e 10.141 tituladas, ao passo que os homens somaram 47.877 matrículas e 8.484 títulos.
Busca pela igualdade
Falar sobre estas segregações camufladas dentro das instituições deve servir como um alerta. Principalmente para que seus gestores se atentem às mudanças necessárias e elas aconteçam a partir das escolas de formação em medicina.
Em algumas universidades já existe uma política de incentivo, para que as mulheres tenham um ambiente favorável para se especializarem também em áreas da medicina até então dominadas pelos homens. Além do incentivo e igualdade de gênero também entre o corpo docente destas universidades.
De um modo geral, a presença da mulher avança de forma acelerada em todas as profissões. Praticamente já não existe mais mercado em que ela não possa ser inserida e, com a medicina não poderia ser diferente. Cada vez mais, as mulheres estão atuantes em consultórios médicos, hospitais e porque não, em salas de cirurgia.
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Uma resposta
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