Nos últimos anos, os trabalhos recentemente publicados mudam a afirmativa que o transtorno do humor em crianças é extremamente raro. Nos últimos 20 anos, houve um aumento de 500% no diagnóstico de crianças e adolescentes com transtorno de humor, somente nos Estados Unidos.
Um exame minucioso revelou que, em grande parte deles, o diagnóstico de transtorno bipolar estava sendo baseado em curso crônico dos sintomas e irritabilidade.
Diante do importante aumento dos diagnósticos na população infantil, desenvolvemos o artigo de hoje. Nele, você vai encontrar informações importantes relacionadas ao transtorno do humor em pacientes crianças, para mantê-lo informado. Acompanhe!
Categorias de transtorno de humor em crianças
Os transtornos do humor em pacientes crianças estão divididos em transtornos depressivos e bipolares.
Os transtornos depressivos são diferenciados dos transtornos bipolares devido ao conhecido histórico de jamais ter tido um episódio maníaco, misto ou hipomaníaco.
Já os transtornos bipolares envolvem a presença, ou histórico, de episódios maníacos, episódios mistos ou hipomaníacos, e estão geralmente acompanhados da presença, ou histórico, de ocorrências depressivas maiores.
Não se sabe exatamente a causa da depressão no transtorno do humor em crianças, no entanto, acredita-se que anomalias químicas no cérebro estão envolvidas. Parte da tendência à depressão é hereditária. Assim, uma combinação de fatores, que incluem a experiência de vida e tendência genética podem contribuir.
Em alguns casos, outro distúrbio, como abuso de drogas ou glândula tireoide hipoativa, podem ser parte da causa. Além disso, alguns adolescentes com depressão persistente apresentam baixa concentração de ácido fólico no líquido cefalorraquidiano, uma possível causa que pode estar relacionada.
Diagnóstico
As alterações no transtorno do humor em crianças são caracterizadas pelas oscilações entre o estado deprimido e/ou estado eufórico.
O diagnóstico deve utilizar parâmetros relacionados ao tipo, características, intensidade, tempo e quantidade de ocorrência dos sintomas para classificá-los.
São classificados em única ocorrência ou incluídos em condição de transtorno quando acontecem de forma recorrente ou crônica. Nas formas únicas, são classificados como episódio depressivo maior, episódio maníaco, episódio misto e hipomaníaco.
Na forma recorrente ou crônica, são classificados em: transtorno depressivo maior, transtorno distímico (depressivo sem outra especificação), transtorno bipolar ( I, II, ciclotímico, sem outras especificações), transtorno de humor devido a uma condição médica geral, transtorno de humor induzido por substância; transtorno de humor sem outra especificação.
O pré-requisito para o diagnóstico acurado do transtorno do humor em crianças é obter um histórico clínico detalhado, incluindo informações sobre o desenvolvimento, antecedentes de doenças pessoais e familiares, relacionamentos familiares, interpessoais e hábitos de vida.
Também é essencial esclarecer a ocorrência dos sintomas afetivos, e se são impactantes para o desempenho acadêmico e social da criança ou adolescente. O uso de inventários de comportamento pode ser útil na triagem inicial, como o Child Depression Inventory (CDI) e Young Mania Rating Scale (YMRS). Assim como a utilização de entrevistas psiquiátricas estruturadas e semi-estruturadas.
A avaliação clínica deve abordar as possíveis causas orgânicas, como as disfunções endocrinológicas, doenças crônicas sistêmicas, infecções crônicas e outras doenças neuropsiquiátricas que podem estar presentes na criança.
Além disso, é necessário considerar fatores culturais, acadêmicos e sociais, também é importante investigar possíveis comorbidades, visto que o transtorno do humor em crianças pode comumente associar-se a outros transtornos neuropsiquiátricos.
Categorias de tratamento
O tratamento do transtorno do humor em crianças deve ser feito o mais cedo possível para prevenir outras situações mais complexas, como isolamento social, evasão escolar e ameaças de suicídio.
Segundo informações da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência, o tratamento ideal para casos como estes deve incluir cuidados multidisciplinares, combinando uso de medicamentos com intervenção psicoterápica, focado nos sintomas disfuncionais e fatores psicossociais implicados no curso e agravamento da doença.
O tratamento psicológico com técnicas cognitivas comportamentais que envolva a criança e seus familiares, focando comportamentos que originam e mantêm os sintomas depressivos, também são fundamentais.
O tratamento psicofarmacológico do transtorno do humor em crianças é similar ao dos adultos, contudo, ainda existem dúvidas sobre o tempo e o tratamento que deve ser mantido, assim como aos medicamentos mais efetivos e com menor incidência de efeitos adversos.
Para os antidepressivos tricíclicos (imipramina, clomipramina), um estudo apresentou que esse grupo de medicamentos não se mostrou mais efetivo que o placebo. Os medicamentos aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA) para uso em crianças são a sertralina e a fluoxetina.
No entanto, a instituição recomenda cautela no uso dos medicamentos após contatar que houve maior incidência de suicídio entre adolescentes que os usaram. Para o médico especialista, é muito importante atentar-se ao fato de que o uso desses medicamentos deve ser indicado preferencialmente para casos de transtorno depressivo maior, depois que a pesquisa afaste possibilidade de transtorno bipolar, visto que os medicamentos podem induzir o estado de mania, fator precipitante para tentativas de suicídio ou suicídio de fato.
Pós-Graduação em Psiquiatria da Infância e Adolescência
Para o diagnóstico, cuidados e tratamento do transtorno de humor em crianças, o profissional deve estar qualificado para exercer papel como especialista. Isso é possível por meio do curso de pós-graduação em Psiquiatria da Infância e Adolescência do IEFAP. Nesta especialização, o médico pode se preparar para oferecer um atendimento holístico e qualificado aos pacientes de natureza psiquiátrica.
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